CORO e obstáculos para o coro
Na primeira parte do encontro de ontem, após uma improvisação coletiva, ritualísticas, com palavras, movimentos e sons, tivemos um primeiro exercício para se tentar explorar não apenas a ideia mas a performance de um coro. link: https://youtu.be/_xvUoibt5H4
Em um círculo os intérpretes tentaram atualizar esse coro. Os impulsos para as ações vieram de gritos de animais -gatos e cachorros. A partir da desorganização inicial, Flávio interrompeu a cena, e trouxe um praticável, para inserir uma disposição espacial para os intérpretes. Novamente, dentro desse espaço, houve novo foco na produção de sons, como um coral estático, cada qual fazendo sua improvisação vocal. Diante de nova desorganização, Flávio interrompeu o exercício e demandou dos intépretes a atenção ao parâmetro do tempo, na forma da duração. O exercício virou um baile funk, com ações típicas - sons vocais, movimentos coreografados como os que se vêem nesses eventos. A partir desse coletivos, contramovimentos depois inseridos: mudou-se do baile funk para uma cena com andamento mais lento para depois uma gritaria.
O que houve aqui é que, sem um som externo, os intérpretes ficaram responsáveis pela sonoridade, pelo movimento e pelas demais ações. Isso dentro de uma troca e tentativa de convergência entre eles. Na maioria das vezes optou-se por extremos: muitos sons, muitos movimentos. Uma tentativa de traduzir linearmente a ideia e forma de grupo por atos de muita intensidade.
Depois fizemos o seguinte: no lugar de os intérpretes ficarem responsáveis pela produção sonora, deslocou-se isso para os músicos-compositores em cena. Com isso, o grupo de intérpretes pode se concentrar melhor no que tinha de fazer. Com essa eliminação, com essa restrição veio uma melhor troca entre todos.
Como um coro precisa trabalhar com diversos canais de comunicação, diversas mídias, começar uma improvisação com performances livres, que se valem desses vários canais, traz pra nós a dificuldade e o desafios mesmo de se trabalhar ao mesmo tempo em conjunto e ao mesmo tempo com diversas temporalidades.
Assim, é preciso montar uma narrativa, ou uma sucessão de ações, e ainda tornar essas ações visíveis e audíveis. Como há intervalos entre pensar e fazer, gerenciar todas essas ações e ainda mais em grupo gera uma série de defasagens temporais. Frente à demanda do múltiplo, há múltiplos e distintos momentos em que em seguência tempos a sucessão não de sincronias e sim de descontinuidades.
O tempo do pensamento, do gesto, do movimento, do canto, do som, da visualidade - tudo isso são diversos tempos, dimensões diferentes. O coro enfim é enfrentar essa articulação do heterogêneo.
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